terça-feira, 17 de maio de 2011

Resenha - Dead Fish em Natal

Dia 15/05. Um domingo diferente dos demais. Um domingo de expectativa desde as primeiras horas do dia até as ultimas. O lugar foi “Cultura Club”, bar relativamente novo na Ribeira, atrás do teatro Alberto Maranhão. Cultura é cultura. Eram 16h00min quando cheguei ao local e um certo número de pessoas já se juntava na frente de onde seria uma noite incrível. Depois de cinco anos de espera finalmente a Dead Fish voltaria a cidade do cu do elefante para fazer todos dançarem num baile frenético. Mas vamos começar pelo começo.

A primeira da noite, Sunday Record, subiu ao palco na expectativa. Banda consideravelmente nova, com pouco mais de um ano de vida, esperava que essa noite fosse o melhor show de suas vidas. Como sempre e talvez nunca deixe de ser diferente, na hora da primeira banda pouquíssimas pessoas estavam dentro do bar, mas isso não impediu que os moleques mostrassem serviço, e bom serviço. Duas músicas novas fizeram parte do repertorio, além de um cover da banda Garage Fuzz, velha conhecida de muitos em natal. Alguns sacando a banda de longe, outros mais agitados cantando junto às músicas com a Sunday. Uma das duas bandas que não tiveram problema algum com o som e isso ajudou bastante na apresentação dos caras que foi, diga-se de passagem, muito foda nas palavras de muitos.

Logo depois a Driveout, banda que já tocou diversas vezes e tem muitos fãs em natal, assumiu a responsabilidade de manter a boa música viva naquela noite. Assumiu e cumpriu o dever. Algumas músicas velhas, outras mais novas e muito sintetizador. Vini e compania colocaram a galera presente para cantar e esperar por muito mais que vinha pela frente. Toda banda faz covers de outras e isso é quase que uma regra. Mas algumas sabem escolher muito bem o que fazer. Como a Sunday, que já havia trazido Garage Fuzz, a Driveout trouxe um cover do Nirvana. Breed. Não preciso falar que os fãs do Nirvana que ali estavam, e não são poucos, pediram para morrer depois disso. Um show enérgico, além de suave. Um show que também contou com a ajuda da aparelhagem de som, que não vacilou. Sem duvidas um ótimo show, como já é de costume dos caras.

Uma das bandas mais aguardadas da noite por ser uma surpresa, já que antes desse show não havia dado o ar da graça ainda. Uma grata surpresa por sinal. Hardcore nervoso e frenético. A Born To Freedom apareceu com um som envolvente, um hardcore meio experimental, meio melódico. Algo que me lembrou em partes a excelente banda Holandesa Shikari, por sair de, como dizem, pau pra cacete, em questão de minutos, segundos até. Comandada por Shilton e tendo figurinhas bastante carimbadas na cena, trouxe o novo com gosto de velho, colocou a galere pra dançar. Um cover da banda gringa Rise Against fez os mais descolados cantarem. Mesmo estreando num show ao lado da Dead Fish, os caras não deixaram a peteca cair e fizeram um show foda. Vencedores, embora saindo do forno.

A seguir, teríamos uma surpresa. Uma banda já conhecida, mas que não estava escalada para a noite. Uma das melhores bandas surgidas nos últimos anos em natal, a Todos Contra Um subiria ao palco com formação nova, já que o meu querido amigo XFuraX, que tocava guitarra na banda, teve que se ausentar da cidade por tempo indeterminado. Infelizmente, por problemas pessoais a banda não pode se apresentar e ficamos apenas com um gostinho de quero muito mais.

Punk + Hardcore. Música rápida com um ‘tupatupatupa’ nervoso. Os Cearenses da Chicones trouxeram para Natal um punk/HC que em muito me lembrou Gritando HC, com boas doses de Ramones e Raimundos. Músicas com temas descontraídos que falam sobre os mais variados assuntos. Uma das músicas me chamou atenção. Emanuelle: Um culto a pornografia adolescente que, creio eu, os mais velhos ali cresceram assistindo. Um cover de uma banda bastante admirada pelos potiguares, NOFX fez muitos dançarem e cantarem juntos. Tratou-se de um show divertido e empolgante. Peruca rosa, lixeira e latinhas de cerveja numa polga não tão grande, mas consistente.

Falar dessa próxima banda parece ser bastante presunção, mas a DeadFunnyDays foi uma das melhores da noite, sem sombra de dúvidas. Bubu e o resto da trupe mostraram o que muitos já conhecem há anos, mas não enjoam de ver e apreciar. Grunge mesclado com punk só pode dar em boa coisa e a DeadFunnyDays esta mais do que acostumada a fazer ótimos shows. O publico lá embaixo já era grande e boa parte dele cantava junto às músicas dos caras. Poison Idea esteve presente no palco e isso me chamou muita atenção, por ser uma de minhas bandas prediletas. A galera já estava cansada de esperar, mas parecia não se importarem se a DeadFunny ficasse mais uma hora em cima do palco. Repetindo, um dos melhores shows da noite, esperado e aproveitado. Já fazia certo tempo que os caras não tocavam por terras potiguares, e isso parece ter contribuído ainda mais para que o show fosse muito foda.

“Ei, Dead Fish, vai tomar no cu!”. Calor, Cultura lotado, alguns já bêbados, outros sóbrios para aproveitar da melhor maneira possível o que viria pela frente. A empolgação do publico era notória afinal faz um tempo considerável que a Dead Fish não toca em Natal. E a empolgação parecia ser maior ainda para os que nunca viram os caras tocar pessoalmente. 20 anos de estrada comemorados também no nordeste. Com shows em Recife, João Pessoa, entre outros lugares, chegou a Natal. As pessoas estavam insanas gritando, sorrindo e pedindo incansavelmente para que começasse o mais rápido possível. Quando a banda finalmente sobe ao palco a multidão delira. A primeira música foi “Asfalto” do mais recente cd. Pelo que eu pude perceber, já que nessa hora eu só prestava atenção ao palco, poucas pessoas conheciam as novas músicas, mas isso não impediu que a concentração de braços levantados e sorrisos escancarados perpetuassem em todos. Algumas outras músicas já conhecida como “Siga” e “Perfect Party”, e logo depois “Venceremos”, mais uma do novo cd e perfeita, por sinal. “Mulheres Negras”, uma das músicas bastante conhecidas da banda fez com que quem estava lá embaixo se destruísse. Moshs eram contínuos e insaciáveis. Rodrigo, vocalista, estava frenético como de costume, mas com um brilho nos olhos que parecia ser reflexo dos brilhos lá embaixo. Outras músicas do cd novo como “Não” colocaram todos em caos. Velhas conhecidas não poderiam faltar e “Zero e Um”, “Tango”, “Sonho Médio”, “Bem vindo ao Clube”, “A Urgência”, “Proprietários do Terceiro Mundo”, “Tão Iguais” e “Queda Livre”, trouxeram um ar de nostalgia que a muito não se sentia em Natal. O show tão esperado por anos chegava ao fim e o sentimento era de quero muito mais. “Afasia” terminou aquele que seria até aqui o melhor show do ano e que eu acho difícil ser superado.

Para mim uma música resumiu bem o show: “Canção para Amigos” que foi o ponto alto do show, na minha concepção. “Se canto esta canção é porque ainda tenho fé”. Suor, cerveja e hardcore em uma noite que não deveria precisar acabar.

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