terça-feira, 19 de outubro de 2010

Não votar? Não basta! Existe politica alem do voto.

Faltando alguns poucos dias para decidirmos quem vai governar o país nos proximo 4 anos, resolvemos postar esse artigo para que os interessados possam fazer melhor 'seu papel' de 'cidadão'. Não votar, não basta!



Uma grande parte do apoio anarquista à ação direta é o abstencionismo. Isso significa a rejeição do voto. Entretanto, existe mais de um tipo de abstencionismo. Há o passivo e o ativo. O abstencionismo passivo está associado à alienação, apatia e a-politicismo. Ele baseia-se em “não me importo”, atitude cínica e coisas do tipo. Esta forma de abstencionismo facilmente leva à rejeição de todas as formas de luta e de política, incluindo a ação direta e o anarquismo. Os anarquistas se opõem a ela tanto quanto um eleitor socialista.

Porém, os anarquistas vêem o abstencionismo de uma maneira positiva, um meio de transformar a natural reação negativa a um sistema injusto em atividade positiva (por exemplo, ação direta, solidariedade, ações e auto-organização). Então, a oposição anarquista às eleições tem implicações políticas profundas, como bem apontou Luigi Galleani quando escreveu:
“A abstenção eleitoral anarquista envolve não apenas uma concepção que se opõe ao princípio da representação (que é totalmente rejeitado pelo anarquismo), ela significa, acima de tudo, uma absoluta falta de confiança no Estado... Além disso, o abstencionismo anarquista tem conseqüências que são muito menos superficiais do que a inerte apatia atribuída a ele pelos desdenhosos carreiristas do “socialismo científico” (marxistas). Ele despe o Estado da fraude constitucional com o qual ele se apresenta ao ingênuo como o verdadeiro representante de toda a nação e expõe seu caráter essencial como representante, procurador e policial das classes dominantes.”

A desconfiança em relação às reformas, ao poder público e à delegação de autoridade podem levar à ação direta [na luta de classes]... Pode determinar o caráter revolucionário desta... ação; e, conseqüentemente, os anarquistas a vêem como o melhor meio disponível para preparar as massas para administrar seus próprios interesses pessoais e coletivos; e, além disso, os anarquistas sentem que mesmo agora os trabalhadores são completamente capazes de dirigir seus interesses políticos e administrativos”. [The End of Anarchism?, pp. 13-14]
Portanto, o abstencionismo acentua a importância da própria ação e da liberdade através da luta, assim como tem um importante efeito educativo ao realçar que o Estado não é neutro, mas serve para proteger a classe dominante e que a mudança significativa vem somente de baixo, da ação direta. Qualquer campanha contra a idéia de que todas classes da sociedade refletem a opinião da elite dominante e que, em tempos de eleições, convoque à abstenção e indique porque votar é uma farsa irá, evidentemente, mudar essas idéias. Em outras palavras, o abstencionismo combinado com a ação direta e a construção de alternativas socialistas é uma maneira muito efetiva de mudar a idéia das pessoas e encorajar um processo de auto-educação e, finalmente, auto-libertação. Assim, não basta não votar, temos que nos organizar e lutar. Não devemos pedir por nenhuma concessão do governo. Nossa missão é impor a partir das ruas e dos locais de trabalho aquilo que os deputados e ministros são incapazes de realizar no parlamento. Nas palavras de um anarquista membro da Federação Jurássica, escritas em 1875:

Ao invés de mendigar ao Estado por uma lei que obrigue os patrões a faze-los trabalhar apenas algumas horas, os sindicatos diretamente impõem esta reforma aos patrões; deste modo, ao invés de um texto legal que permanece letra morta, uma real mudança econômica é efetivada pela iniciativa direta dos trabalhadores... se os operários devotarem toda sua atividade e energia para a organização de suas associações em sociedades de resistência, federações locais e regionais, se, por palestras, leituras, círculos de estudo, jornais e panfletos eles manterem uma agitação socialista e revolucionária permanente; se, pela ligação da prática com a teoria, eles realizarem diretamente, sem nenhuma intervenção burguesa ou governamental, todas reformas imediatas possíveis, reformas vantajosas não para alguns poucos trabalhadores, mas para a grande massa operária – com certeza então a causa do trabalho seria melhor servida do que com...agitação legal”. [Citado por Caroline Cahm, Kropotkin and the Rise of Revolutionary Anarchism, p. 226]

Os anarquistas insistem que devemos aprender a pensar e agir por nós mesmos juntando-nos em organizações nas quais nossas experiências, percepções e ações podem guiar-nos e realizar a transformação. O conhecimento não precede a experiência, ele flui dela. As pessoas aprendem a serem livres apenas exercitando a liberdade. Como um anarquista espanhol colocou, “nós não vamos nos encontrar... com as pessoas prontas para o futuro... Sem o exercício contínuo de suas faculdades não haverá povo livre... A revolução externa e a revolução interna pressupõem uma à outra e elas devem ser simultâneas para que sejam bem sucedidas”. [Citado por Martha Ackelsberg, Free Women of Spain, p. 33]

Em outras palavras, os anarquistas rejeitam a visão de que a sociedade é estática e que as consciências, valores, idéias e ideais das pessoas não podem ser transformadas. Longe disso, os anarquistas acreditam na ação direta porque ela efetivamente encoraja a transformação daquele que a usa. Ação Direta é o meio de criar uma nova consciência, um meio de auto-libertação das correntes que prendem nossas mentes, emoções e espíritos pela hierarquia e pela opressão.
Por isso, os anarquistas incitam o abstencionismo de modo a encorajar ações e não a apatia. As razões palas quais as pessoas se abstém é mais importante do que o ato. A idéia de que os EUA está perto da anarquia porque cerca de 50% das pessoas não votam é sem sentido. A abstenção nesse caso é produto de apatia e de ceticismo, não de idéias políticas. Assim, os anarquistas reconhecem que o abstencionismo apático não é revolucionário ou indício de simpatia pelo anarquismo. Ele é gerado pela apatia e pelo alto nível de descaso em todas as formas de política e na possibilidade de mudanças.

Não votar não basta. Os anarquistas convocam as pessoas a se organizarem e resistirem também. O abstencionismo deve ser o complemento político da luta de classes, da ação direta e da auto-gestão a fim de ser efetivo – caso contrário, ele será tão insensato quanto o próprio voto.

O artigo completo você pode conferir aqui: http://bit.ly/cBksJJ
Vale a pena conferir!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O pai dos punks - Entrevista de Jello Biafra para a revista Playboy.

Jello Biafra, ex-líder do Dead Kennedys, vem ao Brasil mostrar The Audicity of Hype, disco de sua nova banda, The Guantanamo School of Medicine, e fala sobre idade, política e um curioso encontro no Rio de Janeiro, em 1992.



Revista Playboy: O que acha que soa diferente nesse primeiro álbum com a The Guantanamo School of Medicine dos demais trabalhos que você já fez?

Jello Biafra: Eu não analiso as coisas dessa forma, eu simplesmente as faço. Se algumas pessoas pensam que canções desse novo disco soam como Dead Kennedys, não vou fugir da comparação, escrevi boa parte das canções da banda. Acho que tenho um estilo de compor que acrescenta psicodelia ao som, o que resulta em algo que não é tão comum em bandas punk.

RP: Depois de tantos anos na estrada, você se sente diferente quando senta para escrever uma canção hoje?

JB: Sou um animal político a qualquer tempo. Escrevo sobre o que acredito que é interessante e importante. Claro, há algo pessoal na música, mas não quero desperdiçar boas canções com coisas que não gosto de ouvir em outros artistas. Eu tento atacar o sistema por ângulos diferentes das outras pessoas. Quando produzo um álbum estou mais interessado em sentimento, impacto, vibração do que ter todas as notas de um instrumento perfeitamente bem tocadas.

RP: Aos 52 anos, você se sente velho no meio do punk rock?

JB: Às vezes acho engraçado quando olho para trás e penso o número de shows no underground nos quais eu era a pessoa mais velha na plateia. Algumas vezes 15, 20 anos mais velho! Mas isso é uma coisa boa. Nunca deixei de ser um fá de música, gosto do lado selvagem do rock’n’roll, o que me leva, claro, ao punk rock. Acho que a questão principal sobre idade é que hoje preciso me exercitar mais entre os shows, para que possa fazer o que faço no palco.

RP: Incomoda ser tratado com reverência no meio do punk rock, um lugar não muito apropriado para culto a ícones?

JB: Acho que trabalhei duro o bastante e arrisquei bastante o meu pescoço para esperar que hoje seja tratado com algum respeito. Essa coisa de ícone vai e volta, nos primeiros anos isso não era comum, qualquer pessoa que tinha um papel importante no palco não podia agir como uma estrela fora dele. Começou a mudar mais tarde, com o punk mais comercial, quando todo mundo queria que seus amigos curtissem sua música logo nos primeiros shows e media sua popularidade pelo apoio de companhias de skate, de tênis ou de cervejas. Era a maneira deles acharem que estavam sendo bem sucedidos como artistas, o que eu sempre achei que cheirava muito mal.

RP: Você se candidatou a prefeito de São Francisco no fim dos anos 1970. Já pensou de verdade em se candidatar a presidente, e qual seria sua primeira medida, uma vez eleito?

JB: Eu fui candidato a presidente, um pouco pelo menos, em 2000, quando o pessoal da convenção de Nova York do Partido Verde me chamou para ser candidato ao lado de Ralph Nader, e eles nem perguntaram se era filiado o partido. Eu era, por sorte. Mas não concorri de verdade, primeiro porque não tive tempo, depois porque não queria competir com Nader, eu era eleitor dele. Mas achei que era uma boa ideia deixar meu nome nas primárias de alguns estados, as pessoas que me conheciam mas não conheciam o Nader nem o Partido Verde poderiam ter um estímulo a mais para sair de casa, se registrar e votar. Acho que a primeira coisa que faria seria chamar os militares no Iraque e no Afeganistão imediatamente de volta. Outro ato imediato seria usar o poder presidencial para reduzir ou tirar da cadeia todos os que estão condenados por uso de drogas. O problema é que o presidente só pode fazer isso com prisioneiros federais, e a maioria das pessoas presas com maconha e afins são prisioneiros estaduais, logo eu teria de convencer os governadores a fazer o mesmo. Também seria bastante tentador virar as costas para a Nafta e mandar um “foda-se” para a Organização Mundial do Comércio de uma vez por todas.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Resenha: Todos Contra Um - Natal (RN)



Raiva e hardcore deveriam andar lado a lado. E essa banda me mostra bem isso. A Todos contra um, é mais uma das excelentes bandas que Natal-Rn trás. Particularmente nova, mas que ja carrega nas costas uma Demo e uma Tour pelo nordeste - planejam uma para o sudeste/sul em 2011 - a base de suor, acarajé e muita dor de barriga. Sou meio suspeito para falar, porque alem de ser uma banda de amigos queridos, é uma banda com que me identifico bastante, pelas idéias anti-homofobicas, anti-sexistas, libertarias. A Demo, gravada em 2009 e lançada em 2010 trás 12 faixas, sendo uma delas intro e as outras músicas rápidas e agressivas. Trás ainda uma faixa bonus, que pode ser escutada pra quem tiver paciência, ou esquecer de passar a música adiante. A ultima faixa é um texto da banda carioca Vivenciar. Bem, espero não me estender muito aqui.

A demo começa com uma Intro que nos da impressão que algo não muito convencional vem pela frente. A seguir Desejo da Maquina da um soco bem no meio da cara e nos faz acordar para o som. É uma música rápida e com uma letra deveras bem feita, que tras um refrão muito digno: "Porque toda vez que eu peço um par de braços, vem um cerebro junto?". A proxima música, "A Terra Agradece" começa com um grito imponente de socorro. Para mim, é uma das melhores, senão a melhor música do cd. É a que me faz olhar para o media player e clicar em "back" varias vezes. A letra fala sobre como viver para sobreviver, sem preservar a terraa por parte, principalmente, das grandes empresas. "De onde tirar? de onde extrair? Quero devastar, quero produzir". "Vivendo e Desaprendendo" é a da sequencia e nos manda um recado fácil de entender: Desaprenda. Tudo que te mostram e forçam a acreditar, deve ser esquecido. "Que escola é essa que me deixa burro?". A música é rápida e tem um 'tupa tupa tupa' na bateria que é viciante. Logo após, "Levante Seu Ego" mostra a realidade de muitos lugares, onde o 'eu' sobrevive e supri a necessidade do 'nós'. A música começa com um punkzinho e o refrão em coro. Depois evolui para um ritmo frenetico e instigante. O comodismo é o alvo a ser atacado na proxima música que nós faz uma pergunta que parece não ter resposta: "Por quanto tempo vai ser legalizada essa alienação?". É baseado nisso que "Quem Se Habilita?" fala da manipulação atraves dos meios de comunicação. A seguir, "Os Gritos Ainda Ecoam" ataca de maneira rapida o consumismo, o exagero na hora de comprar coisas que nao necessitamos. "Se voce parar de comprar, simplesmente não vai funcionar" sintetiza bem o que acontece no mundo. Eles tambem incentivam, nessa música, o apoio as organizações independentes, coisas que todos deveriamos fazer com nosso dinheiro. Apoie voce tambem. "Sem Nações, Sem Prisões" Começa com uma boa vinheta e passa para uma música rápida, bem feita e sem firulas. Seu refrão soa mais como um exigência, que todos deveriam se fazer. "Queremos um mundo sem nações, queremos um mundo sem prisões". A proxima música é "Perda de Tempo". Essa tambem é uma das melhores do cd. É uma música que me faz querer dançar. Ela vai de Discarga à Bad Brains em 1:46 e diz que somos e vamos sempre resistir. Ao final do reggaezinho, ela volta para a rapidez que resume bem a banda. "Tentar Mudar por Dentro" é uma música instigante, não tão rapida, mas que passa uma energia incrivel. No meio da música um piano. Um texto é introduzido e se voce é daqueles que só querem ouvir a música por favor, repense e pense. Ao final do texto a música volta para dizer que "A hora é agora, sem mais algemas", que devemos parar de falar e pensar e que a mudança tem que acontecer realmente, não apenas da boca para fora. "Ditadura da Beleza" talvez traga em sua letra a grande obcessão mundial: A preocupação com a estetica, de acordo com padrões machistas e que não são verdades absolutas. O riff da guitarra dessa música é uma praga viciante e a vinheta ao final é hilariante, diga-se de passagem. "Chega de opressão, chega de busca pelo corpo perfeito", entenderam? Pausa e logo após uma surpresa. Ai eu te pergunto: O que acontece depois? Um cover foda, de uma banda foda. What Happens Next? para quem não entendeu ainda, ou não ouviu. Por fim e não menos importante, um texto da Vivenciar fecha com chave de osso essa demo que é um dos melhores lançamentos desse ano, sem a menor dúvida.

Bem, é isso. Paz e agressividade para vocês. Lembrem-se de respirar e procurar por suas liberdades, isso mesmo, no plural. E voltem sempre, quando sentirem que devem!

Todos Contra Um - Download da Demo
Baixe agora a demo completa do Todos Contra Um! - compre a demo tambem, não faz mal algum!

Copie esse link:

http://www.4shared.com/file/133169393/f609408/Todos_Contra_Um_-_Demo.html

Cole o link no navegador, e já era!
Só é baixar a demo, e degustar de um lindo som!

Myspace - http://www.myspace.com/todoscontraum

Link pra quem quiser entrar na comnunidade do orkut:
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=91500932

Obs: Nesse link vem também junto com a demo, as letras das músicas!

Tambem estão disponiveis as camisetas da banda! Duas estampas que, particularmente, são lindas - e eu nao tenho a minha ainda! São essas duas aqui embaixo, as respectivas estampas: