coletivo chuva negra
quarta-feira, 1 de junho de 2011
#Foramicarla
Os ultimos acontecimentos passados na nossa cidade, Natal, mostram que o povo não está realmente entregue, morto. Ainda existem pessoas com capacidade de reclamar seus direitos colocando em pratica a unica arma que possuem: A voz.
A prefeita Micarla de Souza surgiu em 2008 como uma provavel renovação de interesses no ambito politico e social da cidade. Mas em pouco mais de três anos o que se viu foi uma continuação de interesse particular que não alterou em nada a condição de vida do povo natalense. Hospitais em estado depreciativo, escolas maquiadas, enquanto o foco é a copa do mundo de futebol de 2014. Na TV propagandas enganosas alimentam a esperança dos mais pobres, quando o que realmente se faz é nada.
A repercussão dos fatos das ultimas semanas tem sido de fundamental importância para dar força ao apelo do povo. Ninguem aguenta mais ver essa senhora governando Natal. Assim como os 'caras pintadas', movimento estudantil que levou ao impeachment do então presidente Fernando Collor de Melo, os natalenses precisam e devem fazer com que Micarla caia do poder e de preferência de cara no chão.
A borboletinha imaginou que o povo fosse idiota, mas agora da de cara com um muro de problemas sem solução. O cerco foi armado, prefeita, como fugir dele agora?
terça-feira, 31 de maio de 2011
Consumo Comemorativo
Comemorações, festas, presentes, consumo. Além do alto consumismo corriqueiro, que afeta até mesmo os menos afortunados, as datas comemorativas, tais como Páscoa, Dia das Mães e Pais, Natal entre outros, forçam a maior parte da parcela da população a consumir ainda mais. Esse é um costume que não é de hoje, mas se agrava cada dia mais. Dependendo da data são vários presentes, caros ou baratos, que mexem com o mercado e com o bolso do povo. As pessoas planejam e planejam o que fazer em tais dias e a primeira coisa a se pensar é no que oferecer como agrado aos mais íntimos.
Datas comemorativas foram criadas exatamente para isso, embora poucos percebam. Por exemplo, o dia dos namorados é uma data tão simbólica que não tem um motivo aparente para existir. O único motivo é o de casais se presentearem, como se isso não fosse algo que fosse feito durante todo o relacionamento. As pessoas simplesmente gastam muitas vezes o que não possuem, para insinuar lembrança a pessoas mais próximas, como se o próprio fato de gostar ou amar não fosse o suficiente. Elas esperam por presentes, e acabam se decepcionando bastante às vezes por motivo algum. É tradição. É algo que foi construído com o decorrer do tempo. Algo descartável que infelizmente move a humanidade de tal maneira a ser essencial.
Lojas dos mais variados tipos é que se beneficiam disso. Projetam meses antes o que acontecerá; que promoções apelativas e ilusionistas serão postas em prática para chamar clientes; que produtos a serem mais explorados visando maior saída e projetam até mesmo a decoração de suas lojas de acordo com o tema, para mostrar que ali é o lugar certo.
O natal é, em minha opinião, de longe uma das datas mais apelativas que temos. De acordo com a religião: O nascimento de Cristo. Ou seja, o fato de Cristo ter recebido presentes de Reis, como conta a história bíblica, transformou-se em uma prática de todos desde muitos anos. Mas torna-se também uma pratica sem sentido, já que estamos falando de um nascimento. Quando se nasce uma criança, presentear torna-se comum. Assim como quando se morre o comum é consolar os familiares. No natal as pessoas usam grande parte do dinheiro guardado durante todo o ano para presentear parentes em nome de um ser fictício, quando poderiam usar esse dinheiro para ajudar alguma instituição, ou até mesmo consigo mesmo, levando em consideração que a grande parcela da população vive em condições precárias em suas casas.
Não digo que presentear seja algo tolo, pelo contrario, dar presentes é algo da natureza humana. Porém escolher dias específicos e de grande apelação comercial é algo que deve ser evitado. Devemos derrubar essa lógica errônea de adoração a dias descartáveis do ponto de vista econômico. Não pelo fato de perder seu dinheiro com coisas desnecessárias, sendo que ele poderia ajudar em outras. Mas sim pelo fato de alimentar a economia nacional em geral, enriquecendo cada dia mais os ricos e empobrecendo cada vez mais os pobres. Dando poder e autonomia para os que já a possuem e tirando-a de você.
Datas comemorativas foram criadas exatamente para isso, embora poucos percebam. Por exemplo, o dia dos namorados é uma data tão simbólica que não tem um motivo aparente para existir. O único motivo é o de casais se presentearem, como se isso não fosse algo que fosse feito durante todo o relacionamento. As pessoas simplesmente gastam muitas vezes o que não possuem, para insinuar lembrança a pessoas mais próximas, como se o próprio fato de gostar ou amar não fosse o suficiente. Elas esperam por presentes, e acabam se decepcionando bastante às vezes por motivo algum. É tradição. É algo que foi construído com o decorrer do tempo. Algo descartável que infelizmente move a humanidade de tal maneira a ser essencial.
Lojas dos mais variados tipos é que se beneficiam disso. Projetam meses antes o que acontecerá; que promoções apelativas e ilusionistas serão postas em prática para chamar clientes; que produtos a serem mais explorados visando maior saída e projetam até mesmo a decoração de suas lojas de acordo com o tema, para mostrar que ali é o lugar certo.
O natal é, em minha opinião, de longe uma das datas mais apelativas que temos. De acordo com a religião: O nascimento de Cristo. Ou seja, o fato de Cristo ter recebido presentes de Reis, como conta a história bíblica, transformou-se em uma prática de todos desde muitos anos. Mas torna-se também uma pratica sem sentido, já que estamos falando de um nascimento. Quando se nasce uma criança, presentear torna-se comum. Assim como quando se morre o comum é consolar os familiares. No natal as pessoas usam grande parte do dinheiro guardado durante todo o ano para presentear parentes em nome de um ser fictício, quando poderiam usar esse dinheiro para ajudar alguma instituição, ou até mesmo consigo mesmo, levando em consideração que a grande parcela da população vive em condições precárias em suas casas.
Não digo que presentear seja algo tolo, pelo contrario, dar presentes é algo da natureza humana. Porém escolher dias específicos e de grande apelação comercial é algo que deve ser evitado. Devemos derrubar essa lógica errônea de adoração a dias descartáveis do ponto de vista econômico. Não pelo fato de perder seu dinheiro com coisas desnecessárias, sendo que ele poderia ajudar em outras. Mas sim pelo fato de alimentar a economia nacional em geral, enriquecendo cada dia mais os ricos e empobrecendo cada vez mais os pobres. Dando poder e autonomia para os que já a possuem e tirando-a de você.
quinta-feira, 26 de maio de 2011
NOTA OFICIAL DA ABGLT SOBRE A SUSPENSãO DO KIT EDUCATIVO DO PROJETO ESCOLA SEM HOMOFOBIA
2011-05-25 19:16:03
Nota Oficial da ABGLT sobre a suspensão do kit educativo do projeto Escola Sem Homofobia
A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLT, por meio de suas 237 ONGs afiliadas, assim como a Articulação Nacional de Travestis e Transexuais - ANTRA, a Articulação Brasileira de Lésbicas – ABL, o Grupo E-Jovem, milhares de militantes LGBT e defensores dos direitos humanos, lamentam profundamente a decisão da Presidenta Dilma de suspender o kit educativo do projeto Escola Sem Homofobia. A notícia foi recebida com perplexidade, consternação e indignação.
Apesar de entender que houve suspensão, e não cancelamento, do kit, até porque o material ainda não está disponível para uso nas escolas e aguarda a análise do Comitê de Publicações do Ministério da Educação, a ABGLT considera que sua suspensão representa um retrocesso no combate a um problema – a discriminação e a violência homofóbica – que macula a imagem do Brasil internacionalmente no que tange ao respeito aos direitos humanos.
Este episódio infeliz traz à tona uma tendência maléfica crescente e preocupante na sociedade brasileira. O Decreto nº 119-A, de 17 de janeiro de 1890, estabeleceu a definitiva separação entre a Igreja e o Estado, tornando o Brasil um país laico e não confessional. Um princípio básico do estado republicano está sendo ameaçado pela chantagem praticada hoje contra o governo federal pela bancada religiosa fundamentalista e seus apoiadores no Congresso Nacional. O fundamentalismo de qualquer natureza, inclusive o religioso, é um fenômeno maligno atentatório aos princípios da democracia, um retrocesso inaceitável para os direitos humanos.
Os mesmos que queimaram os homossexuais, mulheres e crentes de outras religiões na fogueira da Inquisição na idade média estão nos ceifando no Brasil da atualidade. Segundo dados do Grupo Gay da Bahia, a cada dois dias uma pessoa LGBT é assassinada no Brasil por causa de sua orientação sexual ou identidade de gênero. É preciso que sejam tomadas medidas concretas urgentes para reverter esse quadro, que é uma vergonha internacional para o Brasil.
Uma forma essencial de fazer isso é através da educação. E por este motivo o kit educativo do projeto Escola Sem Homofobia foi construído exaustivamente por especialistas, com constante acompanhamento do Ministério da Educação, e com base em dados científicos. Entre estes são os resultados de diversos estudos realizados e publicados no Brasil na última década.
A pesquisa intitulada “Juventudes e Sexualidade”, realizada pela UNESCO e publicada em 2004, foi aplicada em 241 escolas públicas e privadas em 14 capitais brasileiras. Segundo resultados da pesquisa, 39,6% dos estudantes masculinos não gostariam de ter um colega de classe homossexual, 35,2% dos pais não gostariam que seus filhos tivessem um colega de classe homossexual, e 60% dos professores afirmaram não ter conhecimento o suficiente para lidar com a questão da homossexualidade na sala de aula.
O estudo "Revelando Tramas, Descobrindo Segredos: Violência e Convivência nas Escolas", publicado em 2009 pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana, baseada em uma amostra de 10 mil estudantes e 1.500 professores(as) do Distrito Federal, e apontou que 63,1% dos entrevistados alegaram já ter visto pessoas que são (ou são tidas como) homossexuais sofrerem preconceito; mais da metade dos/das professores(as) afirmam já ter presenciado cenas discriminatórias contra homossexuais nas escolas; e 44,4% dos meninos e 15% das meninas afirmaram que não gostariam de ter colega homossexual na sala de aula.
A pesquisa “Preconceito e Discriminação no Ambiente Escolar” realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, e também publicada em 2009, baseou-se em uma amostra nacional de 18,5 mil alunos, pais e mães, diretores, professores e funcionários, e revelou que 87,3% dos entrevistados têm preconceito com relação à orientação sexual e identidade de gênero.
A Fundação Perseu Abramo publicou em 2009 a pesquisa “Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil: intolerância e respeito às diferenças sexuais”, que indicou que 92% da população reconheceram que existe preconceito contra LGBT e que 28% reconheceram e declarou o próprio preconceito contra pessoas LGBT, percentual este cinco vezes maior que o preconceito contra negros e idosos, também identificado pela Fundação.
Estas e outras pesquisas comprovam indubitavelmente que a discriminação homofóbica existe na sociedade é tem um forte reflexo nas escolas. Eis a razão e a justificativa da elaboração do kit educativo do projeto Escola Sem Homofobia.
Com a suspensão do kit, os jovens alunos e alunas das escolas públicas do Ensino Médio ficarão privados de acesso a informação privilegiada para a formação do caráter e da consciência de cidadania de uma nova geração.
Em resposta às críticas ao kit, informamos que o material foi analisado pelo Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação do Ministério da Justiça, que faz a "classificação indicativa" (a idade recomendada para assistir a um filme ou programa de televisão). Todos os vídeos do kit tiveram classificação livre, revelando inquestionavelmente as mentiras, deturpações e distorções por parte de determinados parlamentares e líderes religiosos inescrupulosos, que além de substituírem as peças do kit por outras de teor diferente com o objetivo de mobilizar a opinião pública contrária, na semana passada afirmaram que haveria cenas de sexo explícito ou de beijos lascivos nas peças audiovisuais do kit.
O kit educativo foi avaliado pelo Conselho Federal de Psicologia, pela UNESCO e pelo UNAIDS, e teve parecer favorável das três instituições. Recebeu o apoio declarado do CEDUS – Centro de Educação Sexual, da União Nacional dos Estudantes, da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, e foi objeto de uma audiência pública promovida pela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, cujo parecer também foi favorável. Ainda, teve uma moção de apoio aprovada pela Conferência Nacional de Educação, da qual participaram três mil delegados e delegadas representantes de todas as regiões do país, estudantes, professores e demais profissionais da área.
Ou seja, tem-se comprovado, por diversas fontes devidamente qualificadas e respeitadas, como base em informações científicas, que o material está perfeitamente adequado para o Ensino Médio, a que se destina.
Os direitos humanos são indivisíveis e universais. Isso significa que são iguais para todas as pessoas, indiscriminadamente. Os direitos humanos de um determinado segmento da sociedade não podem, jamais, virar moeda de troca nas negociações políticas. Esperamos que a suspensão do kit não tenha acontecido por este motivo e relembramos o discurso da posse da Presidenta no qual afirmou a defesa intransigente dos direitos humanos.
Esperamos que a Presidenta Dilma mantenha o diálogo com todos os setores envolvidos neste debate e que respeite o movimento social LGBT. Da mesma forma que há parlamentares contrários à igualdade de direitos da população LGBT, há 175 nesta nova legislatura que já integraram a Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT, e que com certeza gostariam de ter a mesma oportunidade para se manifestarem em audiência com a Presidenta, o mais brevemente possível.
A Presidenta Dilma tem assinalado que seu governo está comprometido com a efetiva garantia da cidadania plena da população LGBT, por meio das ações afirmativas de seus ministérios. Na semana passada, na ocasião do Dia Internacional contra a Homofobia, a ABGLT foi recebida por 12 ministérios do Governo Dilma, onde um item comum em todas as pautas foi o cumprimento do Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT. Também na semana passada, por meio de Decreto, a Presidenta convocou a 2ª Conferência Nacional LGBT. Porem, com a atitude demonstrada no dia de hoje acreditamos estar na contramão dos direitos humanos, retrocedendo nos avanços dos últimos anos. Exigimos que este governo não recue da defesa dos direitos humanos, não vacile e não sucumba diante da chantagem e do obscurantismo de uma minoria perversa de parlamentares e líderes fundamentalistas mal intencionados.
Esperamos que a Presidenta da República reconsidere sua posição de suspender o kit do projeto Escola Sem Homofobia, para restabelecer a conclusão e subsequente disponibilização do mesmo junto às escolas públicas brasileiras do ensino médio. Esperamos também que estabeleça o diálogo com técnicos e especialistas no assunto. Estamos abertos ao diálogo e esperamos que nossa disposição neste sentido seja retribuída o mais rapidamente possível, sendo recebidos em audiência pela Presidenta Dilma e pela Secretaria-Geral da Presidência da República e que a mesma reveja sua posição.
Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais
25 de maio de 2011
Links para os vídeos do kit educativo do projeto Escola Sem Homofobia:
ENCONTRANDO BIANCA
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=A_0g9BEPVEA
PROBABILIDADE http://www.youtube.com/watch?v=tKFzCaD7L1U&feature=related
TORPEDO http://www.youtube.com/watch?v=hKJjOJlEw_U&feature=related
retirado de: www.abglt.org.br
Nota Oficial da ABGLT sobre a suspensão do kit educativo do projeto Escola Sem Homofobia
A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLT, por meio de suas 237 ONGs afiliadas, assim como a Articulação Nacional de Travestis e Transexuais - ANTRA, a Articulação Brasileira de Lésbicas – ABL, o Grupo E-Jovem, milhares de militantes LGBT e defensores dos direitos humanos, lamentam profundamente a decisão da Presidenta Dilma de suspender o kit educativo do projeto Escola Sem Homofobia. A notícia foi recebida com perplexidade, consternação e indignação.
Apesar de entender que houve suspensão, e não cancelamento, do kit, até porque o material ainda não está disponível para uso nas escolas e aguarda a análise do Comitê de Publicações do Ministério da Educação, a ABGLT considera que sua suspensão representa um retrocesso no combate a um problema – a discriminação e a violência homofóbica – que macula a imagem do Brasil internacionalmente no que tange ao respeito aos direitos humanos.
Este episódio infeliz traz à tona uma tendência maléfica crescente e preocupante na sociedade brasileira. O Decreto nº 119-A, de 17 de janeiro de 1890, estabeleceu a definitiva separação entre a Igreja e o Estado, tornando o Brasil um país laico e não confessional. Um princípio básico do estado republicano está sendo ameaçado pela chantagem praticada hoje contra o governo federal pela bancada religiosa fundamentalista e seus apoiadores no Congresso Nacional. O fundamentalismo de qualquer natureza, inclusive o religioso, é um fenômeno maligno atentatório aos princípios da democracia, um retrocesso inaceitável para os direitos humanos.
Os mesmos que queimaram os homossexuais, mulheres e crentes de outras religiões na fogueira da Inquisição na idade média estão nos ceifando no Brasil da atualidade. Segundo dados do Grupo Gay da Bahia, a cada dois dias uma pessoa LGBT é assassinada no Brasil por causa de sua orientação sexual ou identidade de gênero. É preciso que sejam tomadas medidas concretas urgentes para reverter esse quadro, que é uma vergonha internacional para o Brasil.
Uma forma essencial de fazer isso é através da educação. E por este motivo o kit educativo do projeto Escola Sem Homofobia foi construído exaustivamente por especialistas, com constante acompanhamento do Ministério da Educação, e com base em dados científicos. Entre estes são os resultados de diversos estudos realizados e publicados no Brasil na última década.
A pesquisa intitulada “Juventudes e Sexualidade”, realizada pela UNESCO e publicada em 2004, foi aplicada em 241 escolas públicas e privadas em 14 capitais brasileiras. Segundo resultados da pesquisa, 39,6% dos estudantes masculinos não gostariam de ter um colega de classe homossexual, 35,2% dos pais não gostariam que seus filhos tivessem um colega de classe homossexual, e 60% dos professores afirmaram não ter conhecimento o suficiente para lidar com a questão da homossexualidade na sala de aula.
O estudo "Revelando Tramas, Descobrindo Segredos: Violência e Convivência nas Escolas", publicado em 2009 pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana, baseada em uma amostra de 10 mil estudantes e 1.500 professores(as) do Distrito Federal, e apontou que 63,1% dos entrevistados alegaram já ter visto pessoas que são (ou são tidas como) homossexuais sofrerem preconceito; mais da metade dos/das professores(as) afirmam já ter presenciado cenas discriminatórias contra homossexuais nas escolas; e 44,4% dos meninos e 15% das meninas afirmaram que não gostariam de ter colega homossexual na sala de aula.
A pesquisa “Preconceito e Discriminação no Ambiente Escolar” realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, e também publicada em 2009, baseou-se em uma amostra nacional de 18,5 mil alunos, pais e mães, diretores, professores e funcionários, e revelou que 87,3% dos entrevistados têm preconceito com relação à orientação sexual e identidade de gênero.
A Fundação Perseu Abramo publicou em 2009 a pesquisa “Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil: intolerância e respeito às diferenças sexuais”, que indicou que 92% da população reconheceram que existe preconceito contra LGBT e que 28% reconheceram e declarou o próprio preconceito contra pessoas LGBT, percentual este cinco vezes maior que o preconceito contra negros e idosos, também identificado pela Fundação.
Estas e outras pesquisas comprovam indubitavelmente que a discriminação homofóbica existe na sociedade é tem um forte reflexo nas escolas. Eis a razão e a justificativa da elaboração do kit educativo do projeto Escola Sem Homofobia.
Com a suspensão do kit, os jovens alunos e alunas das escolas públicas do Ensino Médio ficarão privados de acesso a informação privilegiada para a formação do caráter e da consciência de cidadania de uma nova geração.
Em resposta às críticas ao kit, informamos que o material foi analisado pelo Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação do Ministério da Justiça, que faz a "classificação indicativa" (a idade recomendada para assistir a um filme ou programa de televisão). Todos os vídeos do kit tiveram classificação livre, revelando inquestionavelmente as mentiras, deturpações e distorções por parte de determinados parlamentares e líderes religiosos inescrupulosos, que além de substituírem as peças do kit por outras de teor diferente com o objetivo de mobilizar a opinião pública contrária, na semana passada afirmaram que haveria cenas de sexo explícito ou de beijos lascivos nas peças audiovisuais do kit.
O kit educativo foi avaliado pelo Conselho Federal de Psicologia, pela UNESCO e pelo UNAIDS, e teve parecer favorável das três instituições. Recebeu o apoio declarado do CEDUS – Centro de Educação Sexual, da União Nacional dos Estudantes, da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, e foi objeto de uma audiência pública promovida pela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, cujo parecer também foi favorável. Ainda, teve uma moção de apoio aprovada pela Conferência Nacional de Educação, da qual participaram três mil delegados e delegadas representantes de todas as regiões do país, estudantes, professores e demais profissionais da área.
Ou seja, tem-se comprovado, por diversas fontes devidamente qualificadas e respeitadas, como base em informações científicas, que o material está perfeitamente adequado para o Ensino Médio, a que se destina.
Os direitos humanos são indivisíveis e universais. Isso significa que são iguais para todas as pessoas, indiscriminadamente. Os direitos humanos de um determinado segmento da sociedade não podem, jamais, virar moeda de troca nas negociações políticas. Esperamos que a suspensão do kit não tenha acontecido por este motivo e relembramos o discurso da posse da Presidenta no qual afirmou a defesa intransigente dos direitos humanos.
Esperamos que a Presidenta Dilma mantenha o diálogo com todos os setores envolvidos neste debate e que respeite o movimento social LGBT. Da mesma forma que há parlamentares contrários à igualdade de direitos da população LGBT, há 175 nesta nova legislatura que já integraram a Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT, e que com certeza gostariam de ter a mesma oportunidade para se manifestarem em audiência com a Presidenta, o mais brevemente possível.
A Presidenta Dilma tem assinalado que seu governo está comprometido com a efetiva garantia da cidadania plena da população LGBT, por meio das ações afirmativas de seus ministérios. Na semana passada, na ocasião do Dia Internacional contra a Homofobia, a ABGLT foi recebida por 12 ministérios do Governo Dilma, onde um item comum em todas as pautas foi o cumprimento do Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT. Também na semana passada, por meio de Decreto, a Presidenta convocou a 2ª Conferência Nacional LGBT. Porem, com a atitude demonstrada no dia de hoje acreditamos estar na contramão dos direitos humanos, retrocedendo nos avanços dos últimos anos. Exigimos que este governo não recue da defesa dos direitos humanos, não vacile e não sucumba diante da chantagem e do obscurantismo de uma minoria perversa de parlamentares e líderes fundamentalistas mal intencionados.
Esperamos que a Presidenta da República reconsidere sua posição de suspender o kit do projeto Escola Sem Homofobia, para restabelecer a conclusão e subsequente disponibilização do mesmo junto às escolas públicas brasileiras do ensino médio. Esperamos também que estabeleça o diálogo com técnicos e especialistas no assunto. Estamos abertos ao diálogo e esperamos que nossa disposição neste sentido seja retribuída o mais rapidamente possível, sendo recebidos em audiência pela Presidenta Dilma e pela Secretaria-Geral da Presidência da República e que a mesma reveja sua posição.
Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais
25 de maio de 2011
Links para os vídeos do kit educativo do projeto Escola Sem Homofobia:
ENCONTRANDO BIANCA
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=A_0g9BEPVEA
PROBABILIDADE http://www.youtube.com/watch?v=tKFzCaD7L1U&feature=related
TORPEDO http://www.youtube.com/watch?v=hKJjOJlEw_U&feature=related
retirado de: www.abglt.org.br
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